“Era a sua compleição física - alto, espadaúdo, sempre com um sorriso nos lábios - algo indecifrável, que chamava a atenção aos demais. Bana parecia revelar um certo conformismo, ou um sentimento de perdão a quem lhe traçara o destino, até então lancinante.
Nas festas de Son Jôn começava a revelar-se um cantor extraordinário, um ser que encarnava a animação popular em toda a força do seu corpo. (…)
Descalço, com um velho chapéu de palha de abas largas desfiadas, de face molhada, escorrendo gotas de suor, reflectindo a luz de um sol aberto e quente. Palmas das mãos levantadas, olhos semicerrados, colava “sanjon” sem sair do mesmo local, parecendo ter abandonado o próprio corpo que vagava ao sabor da estereofonia dos tambores. Os gestos eram cadenciados, num balancear discreto dos movimentos, em atitude de quem sonha.”

in Bana- Uma vida a cantar Cabo Verde

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